Trabalho Interdisciplinar

 

"Processo de integração recíproca entre várias disciplinas e campos de conhecimento capaz de romper as estruturas de cada uma delas para alcançar uma visão unitária e comum do saber trabalhando em parceria" (Palmade, 1979).


            Os Cegos e o Elefante, história do Folclore Hindu, reporta bem o conceito que fundamenta o funcionamento da equipe interdisciplinar.

Segundo a lenda, numa cidade da Índia viviam sete sábios cegos. Como os seus conselhos eram sempre excelentes, todas as pessoas que tinham problemas recorriam à sua ajuda.

Embora fossem amigos, havia certa rivalidade entre eles que, de vez em quando, discutiam sobre qual seria o mais sábio. Certa noite, depois de muito conversarem acerca da verdade da vida e não chegarem a um acordo, o sétimo sábio ficou tão aborrecido que resolveu ir morar sozinho numa caverna da montanha. Disse aos companheiros:

- Somos cegos para que possamos ouvir e entender melhor que as outras pessoas a verdade da vida. E, em vez de aconselhar os necessitados, vocês ficam aí discutindo como se quisessem ganhar uma competição. Não aguento mais! Vou-me embora.

No dia seguinte, chegou à cidade um comerciante montado num enorme elefante. Os cegos nunca tinham tocado nesse animal e correram para a rua ao encontro dele.

O primeiro sábio apalpou a barriga do animal e declarou:

- Trata-se de um ser gigantesco e muito forte! Posso tocar nos seus músculos e eles não se movem; parecem paredes...

- Que palermice! - disse o segundo sábio, tocando nas presas do elefante. - Este animal é pontiagudo como uma lança, uma arma de guerra...

- Ambos se enganam - retorquiu o terceiro sábio, que apertava a tromba do elefante. - Este animal é idêntico a uma serpente! Mas não morde, porque não tem dentes na boca. É uma cobra mansa e macia...

- Vocês estão totalmente alucinados! - gritou o quinto sábio, que mexia nas orelhas do elefante. - Este animal não se parece com nenhum outro. Os seus movimentos são bamboleantes, como se o seu corpo fosse uma enorme cortina ambulante...

- Vejam só! - Todos vocês, mas todos mesmos, estão completamente errados! - irritou-se o sexto sábio, tocando a pequena cauda do elefante. - Este animal é como uma rocha com uma corda presa no corpo. Posso até pendurar-me nele.

E assim ficaram horas debatendo, aos gritos, os seis sábios. Até que o sétimo sábio cego, o que agora habitava a montanha, apareceu conduzido por uma criança. Ouvindo a discussão, pediu ao menino que desenhasse no chão a figura do elefante. Quando tateou os contornos do desenho, percebeu que todos os sábios estavam certos e enganados ao mesmo tempo. Agradeceu ao menino e afirmou:

Segundo a lenda, numa cidade da Índia viviam sete sábios cegos. Como os seus conselhos eram sempre excelentes, todas as pessoas que tinham problemas recorriam à sua ajuda.

Embora fossem amigos, havia certa rivalidade entre eles que, de vez em quando, discutiam sobre qual seria o mais sábio. Certa noite, depois de muito conversarem acerca da verdade da vida e não chegarem a um acordo, o sétimo sábio ficou tão aborrecido que resolveu ir morar sozinho numa caverna da montanha. Disse aos companheiros:

- Somos cegos para que possamos ouvir e entender melhor que as outras pessoas a verdade da vida. E, em vez de aconselhar os necessitados, vocês ficam aí discutindo como se quisessem ganhar uma competição. Não aguento mais! Vou-me embora.

No dia seguinte, chegou à cidade um comerciante montado num enorme elefante. Os cegos nunca tinham tocado nesse animal e correram para a rua ao encontro dele.

O primeiro sábio apalpou a barriga do animal e declarou:

- Trata-se de um ser gigantesco e muito forte! Posso tocar nos seus músculos e eles não se movem; parecem paredes...

- Que palermice! - disse o segundo sábio, tocando nas presas do elefante. - Este animal é pontiagudo como uma lança, uma arma de guerra...

- Ambos se enganam - retorquiu o terceiro sábio, que apertava a tromba do elefante. - Este animal é idêntico a uma serpente! Mas não morde, porque não tem dentes na boca. É uma cobra mansa e macia...

- Vocês estão totalmente alucinados! - gritou o quinto sábio, que mexia nas orelhas do elefante. - Este animal não se parece com nenhum outro. Os seus movimentos são bamboleantes, como se o seu corpo fosse uma enorme cortina ambulante...

- Vejam só! - Todos vocês, mas todos mesmos, estão completamente errados! - irritou-se o sexto sábio, tocando a pequena cauda do elefante. - Este animal é como uma rocha com uma corda presa no corpo. Posso até pendurar-me nele.

E assim ficaram horas debatendo, aos gritos, os seis sábios. Até que o sétimo sábio cego, o que agora habitava a montanha, apareceu conduzido por uma criança. Ouvindo a discussão, pediu ao menino que desenhasse no chão a figura do elefante. Quando tateou os contornos do desenho, percebeu que todos os sábios estavam certos e enganados ao mesmo tempo. Agradeceu ao menino e afirmou:

            Na equipe, cada membro representa uma perspectiva distinta como um cego, uma vez que um modo único de observação limita a capacidade de compreender o todo. É o plano combinado de visão, avaliação e coordenação que fornece um quadro completo da pessoa como um todo, que recebe a intervenção em prevenção e reabilitação.

 

            A equipe compreende um conjunto de diferentes especialistas que possuem formação, treinamentos, valores, opiniões e, por vezes, objetivos diferentes. Estes especialistas trabalham em conjunto, sob diferentes configurações, dependendo das necessidades do interagente. A intervenção bem sucedida envolve um processo de colaboração mútua, durante o qual os profissionais e clientes desenvolvem em conjunto o plano de cuidados. Estas perspectivas coordenadas fazem grande diferença no resultado final para o receptor do plano de cuidados.

De maneira ideal, os membros de nossa equipe compartilham um conceito comum das preocupações do interagente e uma filosofia comum de controle dos cuidados; sintetizam as diversas informações obtidas de suas próprias avaliações e das de consultores externos, quando se fizer necessário; e trabalham em conjunto para formular e implementar um plano de cuidados abrangente, com base nos dados disponíveis. E, o mais importante, nossa equipe age como uma unidade funcional, cujos membros estão dispostos a aprender com os outros membros e a modificar, quando necessário, suas próprias opiniões, com base nas observações combinadas e na experiência de todo o grupo.

As vantagens de uma conduta de equipe são a atuação mais holística para o tratamento do interagente, intervenções integradas, redução ou eliminação de serviços duplicados e fragmentação ou hiato nos cuidados, e decisões mais rápidas e informadas para os planos do interagente.

 

Historicamente, as equipes de cuidados de saúde geravam um plano de tratamento, a portas fechadas, sem a participação do cliente e, em seguida, compartilhavam seus planos com o mesmo. Na prática atual, no entanto, vozes adicionais influenciam o processo de nossa equipe. A incorporação do interagente como um membro da equipe é defendida por profissionais de saúde, que vemos como crucial para o sucesso do plano de tratamento.

Os membros de nossa equipe possuem funções interrelacionadas. As equipes podem ser organizadas nos modelos multidisciplinares, interdisciplinares ou transdisciplinares. Com frequência, no entanto, uma equipe se move de um modelo para outro e funciona com uma variação única dos modelos clássicos. Na conduta multidisciplinar, os membros da equipe trabalham lado a lado e cada membro possui uma função claramente definida, com áreas específicas de responsabilidade. Evolução, planejamento e terapia ocorrem de forma independente. Em geral, as famílias e os clientes encontram-se com os membros da equipe de cada especialidade em separado.

Em uma conduta interdisciplinar, os membros da equipe compartilham a responsabilidade por fornecer os serviços com frequência, compartilhando as funções. Os membros da mesma conduzem avaliações separadas, mas compartilham os resultados para desenvolver um plano de tratamento integrado e coordenado. Os clientes e as famílias ou outras pessoas importantes na vida dos clientes encontram-se com a equipe ou seu representante, como o líder da equipe ou gerente do caso.

Por sua vez, em uma equipe transdisciplinar, os membros responsabilizam-se por ensinar, aprender e trabalhar através dos limites das especialidades para planejar e fornecer os serviços integrados. A equipe assimila as perspectivas dos vários membros da equipe para tomar as decisões em conjunto, os limites de função tradicionais são transpostos e as habilidades de outras disciplinas são integradas em um plano de tratamento total.

A ciência não pretende com essas abordagens anular a disciplinaridade, mas vislumbra a possibilidade de estabelecer diálogo interdisciplinar, de modo a aproximar os saberes específicos, oriundos dos diversos campos do conhecimento.

É essencial à interdisciplinaridade a intercomunicação entre as disciplinas, de modo que resulte em modificação entre elas, através de diálogo compreensível, uma vez que a simples troca de informações entre organizações disciplinares não constitui um método interdisciplinar, o qual consiste na integração das disciplinas no nível de conceitos e métodos.

Desta forma, a EISI busca superar os extremos, salientando a necessidade das especialidades na ciência, as quais objetivam aprofundar o conhecimento, mas acima de tudo, valoriza o diálogo entre as especialidades e o fornecimento de um serviço integrado pelos mesmos, transpondo as limitações da compartimentalização do conhecimento e, consequentemente, do serviço prestado ao paciente. Desta forma, compreendemos esse processo como pertencente à disciplinaridade e não como posição antagônica que deve ser superada.